Caso foi registrado no último domingo (27).
Na noite do último domingo (27), uma operação policial no povoado de Rodeadouro, no distrito de Salitre, resultou na morte de um jovem devido a ferimentos causados por disparos de arma de fogo. De acordo com a Polícia Militar, a ação teve início após informações sobre uma tentativa de roubo por um indivíduo armado na estrada que conecta as localidades Lagoa do Salitre e Rodeadouro. Durante as buscas na região, os policiais identificaram um rapaz com características compatíveis com as fornecidas pela vítima.
Ao Portal Spy, a polícia disse que José William S. Barros, de 26 anos, sacou um revólver e efetuou disparos contra a guarnição, que respondeu à agressão. O jovem foi atingido, socorrido a uma unidade hospitalar, porém não resistiu aos ferimentos. Um revólver calibre 38 e seis munições foram apreendidos e apresentados na delegacia local.
A operação policial foi conduzida por militares da 74ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM).
Na delegacia responsável pela região, foram apresentados um revólver calibre 38 e seis munições, sendo três deflagradas e três intactas. A investigação continua em andamento para apurar as circunstâncias detalhadas do ocorrido, visando uma compreensão completa dos eventos que levaram ao trágico desfecho.
Amigos e familiares negam versão da polícia
Amigos e familiares em áudios e vídeos apontam que a Polícia Militar é responsável pelos disparos. Em uma das imagens um jovem desesperado pega o tênis ensanguentado do rapaz alvejado à beira de uma rodovia e diz: "Mataram meu parceiro. Deram dois tiros e mataram".
Por meio de comunicado oficial, a Comunidade Quilombola de Alagadiço externou pesar pelo falecimento do jovem e atribui à polícia a responsabilidade pelos disparos, alegando que William estava envolvido em manobras de empinar uma motocicleta.
A entidade representativa da comunidade à qual o jovem pertencia contesta a versão extraoficial fornecida por alguns policiais, enfatizando que, conforme depoimentos de testemunhas, "William encontrava-se meramente em pé sobre a motocicleta quando foi atingido de forma fatal pelos tiros disparados pelos agentes policiais".
No comunicado, são proferidas críticas contundentes em relação à conduta policial, sendo divulgadas o emprego excessivo de força, alegações de viés racial e práticas discriminatórias por parte das autoridades incumbidas da salvaguarda de todos os cidadãos.
Nota da comunidade na íntegra:
Nós, membros da Comunidade Quilombola de Alagadiço em Juazeiro, Bahia, manifestamos nosso profundo repúdio em relação à ação da Polícia Militar que resultou na trágica morte do jovem William, um integrante desta comunidade.
É com indignação e tristeza que observamos as circunstâncias em torno dessa fatalidade. A Polícia Militar alegou que o jovem estava empinando uma moto, porém, o testemunho de membros da nossa comunidade contradiz essa versão. Segundo relatos de testemunhas, William estava simplesmente em pé na motocicleta quando foi alvejado fatalmente pela polícia.
Este incidente trágico destaca um problema maior e sistêmico que enfrentamos. Vemos essa ação como um exemplo gritante de uso excessivo de força, preconceito racial e discriminação por parte das autoridades que deveriam proteger todos os cidadãos. A perda de William é uma lembrança dolorosa das vidas negras que continuam sendo afetadas pela violência e pelo racismo institucional.
É profundamente preocupante e lamentável que a população negra continue a enfrentar brutalidade por parte da polícia militar no estado da Bahia e em muitas outras regiões. A persistência desse problema destaca a necessidade urgente de abordar questões de discriminação racial, violência policial e desigualdade em todo o sistema de justiça e segurança pública.
Estamos unidos em nossa dor e determinação por mudança. Continuaremos a lutar contra o racismo estrutural e por um sistema de justiça que realmente proteja e sirva a todos os cidadãos, especialmente da população quilombola.
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