O caso aconteceu no último domingo (20) e foi registrado pelas câmeras de segurança do estabelecimento.
Hematomas no rosto, dores na cabeça e no pescoço. Três dias depois, a recreadora agredida por um casal enquanto trabalhava no parquinho de um restaurante no Bodódromo, em Petrolina, Sertão de Pernambuco, ainda sente no corpo e na alma a violência sofrida no local onde deveria ser de diversão para crianças. O caso aconteceu no último domingo (20) e foi registrado pelas câmeras de segurança do estabelecimento.
A recreadora tem 20 anos e há pouco mais de um ano e meio trabalha no parquinho do restaurante. Em entrevista ao g1 Petrolina e TV Grande Rio, ela preferiu não se identificar, mas falou sobre o trauma.
“Os dois me bateram, mais ele. Chutou minha cabeça. Na hora não senti, mas quando o corpo esfriou senti as dores na minha cabeça, no corpo, pé, pescoço, panturrilha. Doeu quase todo o meu corpo, principalmente a cabeça. Não consegui nem dormir direito, estava precisando de remédio para dormir, com tanta dor”, afirma.
Segundo a funcionária, aquela não foi a primeira vez que casal esteve no restaurante e deixou o filho no parquinho. O comportamento do menino que, segundo a recreadora, agredia outras crianças, fez com que ela pedisse apoio aos pais.
“Tive que chamar a atenção dos pais dele depois de um certo tempinho. Passei a situação para ela [mãe], que ele tinha batido nos coleguinhas, já tinha batido em dois ou três, e ela não deu atenção, me evitou. Evitou a situação, voltou para mesa como se nada tivesse acontecido, depois de eu ter pedido ajuda várias vezes”, diz.
Os pedidos de ajuda da recreadora teriam sido o estopim para o início da confusão. A funcionária diz que passou a ser xingada pela mulher. “Começou a ir para cima de mim, colocando o dedo na minha cara. Eu pedi que ela tivesse calma, que ali tinha criança, que ela baixasse o dedo. Ela colocou de novo o dedo na minha cara, coloquei a mão para baixar, aí ela voou no meu cabelo. Também peguei no cabelo dela, tentei me defender”, diz.
A recreadora relata que, ao ver a confusão, o marido da mulher, que é policial militar no estado da Bahia, também passou a agredi-la. As imagens das câmeras de segurança mostram que o homem chega a segurar uma arma de fogo.
“Nem vi quando o esposo dela entrou, só escutei ele me xingando, puxando meu cabelo. Senti na hora que ele me jogou no chão e começou a chutar minha cabeça, meu rosto e eu agarrada nela. Aí ele me levantou pelos cabelos de novo, só vi as pessoas gritando que ele estava armado. Comecei a ficar nervosa e pensei: vou morrer na frente das crianças”.
As câmeras mostram os pais das outras crianças correndo para tirar os filhos do parquinho. Seguranças do restaurante ajudaram a conter a confusão. A recreadora diz que após o fato, o casal ainda ficou por cerca de 20 minutos no restaurante.
“Fiquei no parquinho tentando me acalmar e ele continuou na mesa, tomando refrigerante, tipo tirando onda da minha cara. Virou a cadeira dele para o parquinho e ficou me olhando. Ficou lá tomando refrigerante como se nada tivesse acontecido”.
Funcionários do restaurante entraram em contato com a polícia, que chegou algum tempo depois da confusão, quando o casal não estava mais no local. A recreadora prestou queixa e realizou o Boletim de Ocorrências na Delegacia, que classificou o caso como lesão corporal.
A recreadora ainda não voltou ao trabalho. Em nota, o restaurante disse que “lamenta e demonstra indignação com o fato. Nos solidarizamos principalmente com a colaboradora, que está sendo acolhida e recebendo cuidados emocionais e apoio jurídico desde o primeiro instante”.
“Nosso ambiente é e sempre foi referência na região quanto à humanização no atendimento e cuidado com cada um que faz parte da nossa equipe, e segurança, no momento, reforça o seu compromisso com a colaboradora e todos aqueles que foram direta ou indiretamente afligidos com o acontecido”, afirma a nota do restaurante.
Apesar do trauma, a jovem diz que espera voltar a fazer o que gosta. “Vou tentar voltar ao meu trabalho, não é fácil. Eu gosto muito de criança, sempre trabalhei com criança e me identifico com isso. Vou tentar voltar, não vou ficar com medo. Vou tentar voltar ao meu setor”.
Sobre a participação do policial militar no episódio, a Polícia Militar da Bahia (PMBA), através de nota, limitou-se a dizer que “o fato em que o policial militar se envolveu, será apurado”. A Polícia Civil de Pernambuco disse que "as investigações seguem até o esclarecimento do caso". Como a PMBA e a PCPE não identificaram o casal oficialmente, não conseguimos contato com eles.
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