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O Itamaraty anunciou, nesta segunda-feira (4), a morte da terceira vítima brasileira no Líbano, após ataques de Israel ao país.
"O governo brasileiro tomou conhecimento, com grande pesar e consternação, da morte, em Beirute, de bebê brasileira de um ano de idade, Fatima Abbas, vítima de ataque israelense em 2/11 no subúrbio de Hadeth, ao sul da capital libanesa", disse o comunicado oficial.
Segundo o Itamaraty, o conflito no Líbano "já resultou na morte confirmada de um total de três brasileiros, todos menores de idade e todos vitimados por ataques israelenses".
A ofensiva israelense tem como alvo o Hezbollah. Nas últimas semanas, o governo de Benjamin Netanyahu ordenou a morte das principais líderes da milícia apoiada pelo Irã. O alerta da ONU, porém, é de que a operação tem causado um número elevado de mortes entre civis.
"Ao expressar à família de Fatima Abbas as mais sentidas condolências e estender toda a sua solidariedade, o governo brasileiro reitera a condenação, nos mais fortes termos, aos contínuos e injustificados ataques aéreos israelenses contra zonas civis no Líbano e renova o apelo às partes envolvidas para que cessem imediatamente as hostilidades", afirmou a chancelaria.
O governo brasileiro vem realizando uma operação de resgate de centenas de brasileiros que vivem no Líbano e pediram ajuda para deixar o país.
Nos últimos dias, o Brasil tem elevado o tom de críticas contra Israel, inclusive em reuniões no Conselho de Segurança da ONU. Na terça-feira passada, o chanceler brasileiro Mauro Vieira denunciou os ataques de Israel contra os organismos internacionais e criticou os fornecedores de armas, em um discurso no Conselho de Segurança da ONU. Mas, pela primeira vez, citou abertamente o "caso plausível de um genocídio" em uma reunião do órgão mais importante do sistema internacional.
Em evento realizado para debater a crise no Oriente Médio, o chefe da diplomacia brasileira foi enfático no alerta sobre o desrespeito pelas regras internacionais e decisões de cortes.
O discurso ocorreu horas depois de Israel decretar a Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA) como uma "entidade terrorista".
"A expansão da guerra de Gaza para o Líbano revela um padrão familiar de desrespeito pela lei", disse o ministro. Segundo ele, os ataques contra a UNRWA e agora contra a UNIFIL (a operação de paz da ONU no Líbano) são uma rejeição flagrante do sistema multilateral e de tudo o que a Carta das Nações Unidas representa".
Vieira lembrou que os ataques contra a UNIFIL não foram os primeiros e que, nos anos 90, mais de cem pessoas morreram em uma das bases. "Esta tragédia serve como uma lição crítica do que ocorre quando a comunidade internacional permite que tais violações fiquem impunes", disse.
"Quando falhamos em responsabilizar os perpetradores, pavimentamos o caminho para que a história se repita", alertou.
Por isso, disse o chanceler, o Brasil "condena, nos termos mais fortes, os recentes ataques deliberados contra o pessoal e a infraestrutura da missão de paz no Líbano". "O Brasil também condena a decisão do Knesset de aprovar ontem leis contra a UNRWA", afirmou.
O chanceler ainda criticou a inação do Conselho de Segurança. "Sua incapacidade de agir de forma decisiva permitiu que atrocidades continuassem impunes, com populações inteiras pagando o preço. Isso não é mera retórica. Está refletido nos crimes cometidos contra civis em Gaza e no Líbano", disse.
Segundo ele, mais de 43.000 palestinos e 2.500 libaneses já morreram "devido às fraturas de uma ordem global que, cada vez mais, falha em cumprir suas promessas".
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